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GLÚTEN: MITOS E VERDADES

Postado em 19/10/2016

O grande número de informações relacionadas ao glúten é incontestável. Porém é preciso saber selecionar o que de fato é verdade dentro desse vasto universo. Quem nunca questionou se a exclusão dessa substância na dieta realmente emagrece ou se essa “manobra alimentar” seria boa ou ruim? No consultório, recebo diariamente uma “enxurrada” de dúvidas relacionadas ao assunto e, por isso, resolvi expor meu ponto de vista sobre ele para vocês. 

Antes de tudo é preciso entender o que é o glúten. Pois bem, trata-se de uma proteína encontrada em cereais como trigo, centeio, cevada, malte e aveia. Mas o glúten é ruim para todo mundo? Não, não há comprovação científica para isto. O que acontece é que a capacidade que o nosso trato gastrointestinal tem em digerir esta proteína é limitada e esta limitação em indivíduos geneticamente predispostos pode não ser muito interessante.  

A predisposição genética, ou melhor, o risco genético está associado à presença do genótipo HLA-DQ2 ou HLA-DQ8,  detectado por meio de exame genético. Quem possui um desses fatores pode desenvolver uma doença autoimune conhecida como doença celíaca. Pacientes com doença celíaca, especialmente no início, podem apresentar deficiência de vitaminas como B12 e B9, minerais como zinco e ferro e sintomas como oscilações no funcionamento do intestino (preso ou solto), fadiga, anemia, menor crescimento ponderal (em crianças), distensão abdominal, gases, “peso” no estômago ao se alimentar, entre outros.  

Tudo bem, Ana. Mas diante de tantos e variados sintomas, como faço para saber se sou celíaco? Explico: o diagnóstico é feito por meio de exames bioquímicos, genéticos e por biópsia intestinal. Para isso é necessária uma equipe multidisciplinar atuando.   Uma vez diagnosticado, o paciente inicia o tratamento com a exclusão do glúten da dieta. Produtos contaminados com trigo, centeio, cevada, malte e aveia também precisam ser deixados de lado. Esta informação deve estar descrita no rótulo, de forma bem clara. Além disso, cuidados extras na manipulação dos alimentos são necessários.  

Importante destacar que não existe só a doença celíaca quando falamos do glúten. Alguns indivíduos podem apresentar alergias a esta substância e/ou ao trigo, havendo nestes casos a mesma necessidade de exclusão.  

Temos também a sensibilidade ao glúten não celíaca, na qual os pacientes apresentam sensações como distensão abdominal e gases ao consumir alimentos que contenham a proteína. Esta situação pode estar presente a síndrome do intestino irritável. No entanto, antes de qualquer conclusão, é indispensável o acompanhamento por parte de um profissional qualificado, já que o critério para a análise está na exclusão temporária do alimento e observação da evolução do paciente.  

Agora vamos entender o que é mito nessa história toda. Emagrecer “cortando” o glúten da dieta é o maior deles. Não há dados científicos em humanos que comprovem tal benefício. Pode ser que você emagreça simplesmente pelo fato de restringir um pouco mais a sua alimentação, até por que snacks sem glúten não são facilmente encontrados. Fique atento a “carga de açúcar” que alguns produtos sem glúten possuem, pois costuma ser alta e, se não houver controle no consumo quantitativo desse alimento, pode ser que você até aumente de peso.
 

O que eu gostaria que vocês compreendessem é que a exclusão do glúten é necessária em alguns casos específicos, como os acima descritos. Entretanto, a inserção em uma dieta equilibrada de alimentos sem glúten, junto ao consumo de outros alimentos saudáveis, no meu ponto de vista, é benéfica. Por exemplo, que tal comer um dia pão integral com trigo e em outro pão sem glúten? Ou que mal faria substituir em uma preparação a farinha de trigo por farinha de amêndoas, de coco, de berinjela? Ou comer uma massa de quinoa integral ao invés de uma massa de trigo? O que estou dizendo é que o importante é a variedade. E isto qualquer um pode fazer, sem neuras. Experimentar novos alimentos é super recomendável, saudável e prazeroso. Nada de modinha, certo? Exclusão de glúten é necessária para alguns pacientes e não para todos.

Procure sempre um profissional qualificado para te orientar!  


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