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INFLUÊNCIA GENÉTICA NO METABOLISMO DA CAFEÍNA

Postado em 05/10/2016

Tudo o que a maioria das pessoas deseja logo pela manhã é tomar um cafezinho para de fato acordar e assim começar o dia. Não é? Mas será que o consumo de café, ou mesmo de outras fontes de cafeína, é inofensivo para todos? Infelizmente não. Vejam só o texto que preparei sobre o assunto para vocês.  

Os primeiros arbustos de café surgiram na Etiópia e na Arábia Saudita. Nesta época, o café era consumido como fruto ou macerado e misturado com uma pasta de gordura. Mas, ainda antes desse período, há relatos na mitologia bastante interessantes. Um deles, que mais me chama a atenção, relata a história de um dono de cabras que comentou ao seu Abade que seus animais apresentavam um estado “eufórico” ao consumir folhas de um “certo arbusto”. Já podemos imaginar a qual arbusto ele se referia, não é?  

A expansão do café pelo mundo aconteceu após a torrefação e a infusão do grão. Na França, em Paris, existem até hoje locais que foram fundados no século XVII, como por exemplo, o Cafe Procope. Nessa época, pesquisadores europeus achavam interessante o hábito do consumo de café. Eles observavam que, além do sabor e aroma incomparáveis, provavelmente havia algo a mais, um “aditivo”, que a bebida oferecia. Anos de pesquisas foram necessários até a descoberta da cafeína.  

Vocês provavelmente já sabem que a cafeína não é encontrada apenas no café. Mas qual seria a diferença de concentração dessa substância nos alimentos? Segue abaixo uma tabela para que possam visualizar:  

Concentração de Cafeína nos diferentes alimentos (mg)


Alimentos                                         Volumes         Quantidade (mg)

Café filtrado                                      
125 mL            85mg
Café expresso                                    30 mL              60mg
Café solúvel instantâneo                   125 mL            65mg
Café descafeinado                             125 mL            3mg
Chás (saquinhos ou folhas)               125 mL            32mg
Chás gelados                                     330 mL           20mg
Chocolate quente                             150 mL           4mg
Bebidas à base de cola                     330 mL           39mg
Bebidas à base de cola diet              330 mL           41mg
Energéticos                                        330 mL          80mg

Fonte: Coffee and Health  

Cabe aqui ressaltar que nos alimentos que necessitam de preparação, como o caso do café, a concentração de cafeína pode variar de acordo com a quantidade de pó, qualidade do pó, entre outros aspectos. Certo Ana, já entendi. Mas a cafeína tem realmente um efeito “aditivo”, ou melhor, estimulante? Tem sim. A cafeína tem a capacidade de bloquear “chavinhas”, chamadas de receptores de adenosina, que temos espalhados por todo o corpo, gerando como consequência mais energia, capacidade de concentração, diminuição da sonolência e cansaço, controle da função cardíaca, um pequeno efeito diurético, entre outros.  

Dessa forma, quando olhamos para todos esses benefícios podemos pensar: Ah, então quanto mais fontes de cafeína no meio dia a dia melhor pra mim? Aí é que você se engana. A capacidade em metabolizar cafeína é de um gene chamado CYP1A2. Alguns indivíduos apresentam “alterações” neste gene e são chamados de “metabolizadores lentos”. Estudos mostram que nestes casos, o consumo excessivo de café (cerca de seis ou mais copinhos de 30mL de café expresso) pode gerar consequências cardíacas.  

No cenário inverso, ou seja, em pessoas que não apresentam “alterações” nesse gene, chamadas de metabolizadoras rápidas, há registro na literatura da associação desse genótipo com uma menor densidade mineral óssea em idosos que consumiam muito café (cerca de seis ou mais copos de 30mL de café expresso). É importante ressaltar no entanto que, independente do perfil genético, há casos especiais. Gestantes, por exemplo, precisam sim reduzir a quantidade de cafeína na dieta.  

Assim, em se tratando de consumo de cafeína a palavra chave é moderação. Ou seja, uma xícara (pequena) de café por dia não tem problema e é saudável, pois o café além da cafeína possui outras substâncias antioxidantes, vitaminas, minerais, entre outros compostos.  

Outra dica é ficar atento aos sinais do corpo. Prestar atenção em como ele reage. O excesso de cafeína pode causar, por exemplo, taquicardia. Para finalizar, ressalto o cuidado com o uso de suplementos que contém cafeína. Existem alguns produtos no mercado que o consumo exacerbado pode chegar, facilmente, a doses consideradas tóxicas.  

Se tiverem interesse em saber mais sobre o seu gene “metabolizador de cafeína”, procure uma nutricionista que tenha conhecimento em Genômica Nutricional.


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